Era uma noite escura. Mais escura ainda na caverna de Adulão,
onde Davi estava escondido, tremendo de medo, perseguido por Saul. O salmista
fugia para o sul, e chegou à terra dos filisteus, onde foi capturado. Levado
perante Aquis, rei de Gate, fingiu-se de louco. Ele “se fingia de doido”, diz
o relato, “esgravatava nos postigos das portas e deixava correr saliva pela
barba”.
Aquis teve compaixão dele e mandou soltá-lo. Davi, então, andou
errante pelo deserto até chegar à cova de Adulão, onde se escondeu por vários
meses e escreveu o Salmo 34. Nele, apresenta o caminho para livrar-se do medo
que invade a vida quando chegam dificuldades aparentemente insolúveis.
O salmista tenta hoje levar você a enxergar com os olhos da
fé o que seus olhos físicos não conseguem ver. Disse ele: “O anjo do Senhor
acampa-se ao redor dos que O temem e os livra.” Você nunca está só quando a
tormenta chega.
Deviam ser quatro da manhã quando chegamos ao rio naquela madrugada
fria do mês de setembro. Estávamos viajando rumo a Cruzero, o ponto mais alto
do altiplano peruano. Uma cidade bucólica, encravada nas montanhas, a 4.000
metros sobre o nível do mar.
Uma equipe nossa tinha partido para lá na noite anterior para
preparar os detalhes de nossa chegada. Mas, naquela manhã, ao chegarmos ao rio,
encontramos a caminhonete da equipe atolada, quase sendo arrastada pela correnteza.
Duas mulheres empurravam o veículo, descalças, com os pés dentro da água fria,
com temperatura abaixo de zero. Todos os esforços pareciam inúteis quando, de
repente, vimos aparecer um jipe. O motorista tirou um cabo de aço, atou-o à
caminhonete, puxou-a, guardou o cabo de aço e desapareceu misteriosamente. Quem
chamou aquele homem nos prados solitários do altiplano? De onde ele veio para
nos ajudar?
Eu vi lágrimas nos olhos dos meus companheiros. Vi a emoção
escrita nos seus rostos. Ninguém dizia nada, mas todos sabíamos que era o cumprimento
da promessa divina: “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem e os
livra.”