Homossexualidade – algumas explicações e orientações para quem não deseja praticá-la
Thais Souza, psicóloga
Dr. Cesar Vasconcellos, médico psiquiatra
Homossexualidade é uma conduta desenvolvida ao longo de anos
especialmente no convívio familiar no qual a pessoa faz escolhas muito
sutilmente, muito inconscientemente sobre sua orientação sexual. A
ciência não comprova que uma pessoa nasça homossexual. Ela pode nascer
com muita sensibilidade afetiva – que influencia a formação da imagem
sexual, mas não se nasce homossexual.
A homossexualidade é fruto de uma combinação de fatores:
predisposição genética (que é diferente de nascer homossexual),
acontecimentos no ambiente de crescimento da pessoa e sensibilidade
pessoal. Uma pessoa pode nascer com predisposição genética para a
homossexualidade e não desenvolvê-la, caso o ambiente no qual viveu os
primeiros anos da sua infância contribuiu para isto. Como? Sendo
equilibradamente afetivo e com modelos de imagem sexuais dos pais.
Além disso, se a pessoa conseguir ter uma sensibilidade afetiva não
fragilizada, isso também contribuirá para que não desenvolva as
tendências homossexuais, mesmo tendo uma predisposição genética.
Uma coisa é o preconceito contra homossexuais; outra é dizer que a
homossexualidade é natural. Nenhum tipo de preconceito pode fazer parte
da vida de ninguém. Ao mesmo tempo, a ideia de que a homossexualidade é
natural não é uma verdade comprovada cientificamente.
A opção pela homossexualidade é realmente uma questão de escolha até
certo ponto, mas isso também não significa dizer que exista um “terceiro
sexo”. Do ponto de vista cristão, Deus fez homem e mulher, macho e
fêmea (Gn 1:27). Dois gêneros que se completam fisicamente,
psicologicamente e espiritualmente.
A homossexualidade é uma busca erotizada para suprir profundas
necessidades de afeto. Claro que pessoas heterossexuais, infelizmente,
podem também buscar na sexualidade exageradas compensações afetivas, que
não conseguem ter numa relação em que o afeto fique na esfera do
carinho, sem se voltar logo para o erotismo. Mas isto é um distúrbio e
não uma normalidade nas relações afetivas humanas. Muitos heterossexuais
têm compulsão pelo sexo e isso não é normal.
Geralmente um rapaz homossexual deve ter tido uma imagem masculina
paterna muito fraca, apagada e, talvez, uma mãe muito dominadora e
possessiva que tinha aquele filho como uma espécie de aliado para sua
(da mãe) solidão afetiva conjugal. Se o rapaz teve também uma extrema
sensibilidade afetiva para questões de afeto, ele pode ter desenvolvido
uma ambivalência para com sua mãe, ou seja: por um lado sentindo apego
exagerado a ela porque ela foi, para ele, “forte” e protetora.
Por outro lado, quem sabe ela tenha tentado compensar muito a
ausência do marido e pai por meio do filho, fazendo do menino seu
principal confidente e usando-o como companhia. Além disso, essa mãe
pode ter sido possessiva ou castradora do desenvolvimento afetivo de
autonomia e de autoestima. Isso pode ter gerado no rapaz uma raiva da
mesma mãe e um distanciamento da figura feminina.
Por isso, quando adulto, ao se relacionar com uma mulher, por causa
desse tipo de relação não saudável com a mãe, o rapaz pode gostar de se
aproximar do sexo feminino enquanto houver apenas a sensação de proteção
ou companhia. Consequentemente, pode se afastar das mulheres no âmbito
amoroso por sentir-se incomodado, ameaçado ou inseguro quando houver
manifestações erotizadas. Isso porque a imagem da mulher erotizada para
ele pode significar castração, possessão, constrangimento, impedimento
de sua liberdade interior e, portanto, desprazerosa. Veja o quanto o
papel saudável da mãe é fundamental para uma visão saudável e positiva
que a criança terá do sexo oposto.
Porém, isso não explica tudo porque há rapazes com a orientação
homossexual que tiveram outro modelo de família, embora este seja o mais
clássico para a homossexualidade masculina.
Interessante observar que o homossexual masculino gosta da presença e
companhia femininas enquanto a questão erótica não estiver relacionada
com tal aproximação. E, no âmago de seu ser, ao procurar um parceiro do
mesmo sexo, parece que ele está buscando aprovação, carinho, proteção –
mais do que sexo em si. Só que isso pode ser, geralmente, de modo
inconsciente.
Um homossexual pode ter profunda angústia (vivida não só como
angústia, mas como tristeza, geralmente irritabilidade fácil, desânimo,
culpa, etc.) que ele (ou ela) procura canalizar para a prática
homossexual, assim como um heterossexual pode fazer isto com a
sexualidade também.
Sexo em geral é prazeroso e, claro, é o contrário de angústia.
Portanto, o sexo é um dos instrumentos mais comumente usados para o
alívio ou o mascaramento da angústia que deveria ser enfrentada
conscientemente para se encontrar soluções funcionais e equilibradas
para ela.
É bem provável que, por vivermos em uma geração altamente angustiada é
que temos, ao mesmo tempo, uma sociedade supererotizada. O detalhe é
que poucos sabem que o vazio emocional permanece porque a solução para a
humanidade não está na sexualidade, mas na presença interior do amor.
Amor por si mesmo e pelo próximo sem necessariamente expressá-lo através
do sexo.
Para uma pessoa que tem impulsos homossexuais pode ser tão difícil
mudar seu comportamento como é difícil para um dependente químico deixar
a compulsão para o consumo das drogas. Mas, a pessoa homossexual pode
aprender a lidar com estes desejos, assim como uma pessoa alcoólatra
consegue permanecer sem a bebida, mas ainda sentir vontade de beber. Não
faço esta comparação para afirmar que a homossexualidade seja uma
doença, mas para demonstrar que, se a pessoa decide não praticá-la, isto
é possível e pode ser controlado.
Assim, muitos homens e mulheres que sentem impulsos homossexuais
podem aprender a não se deixar levar por eles, e conseguirem mudanças
comportamentais, se desejarem isto.
Há homossexuais que praticam o ato; há outros que sentem o desejo,
não praticam e sofrem constantemente; e ainda há aqueles que sentem o
desejo, não praticam, e aprendem a canalizar esta energia para outras
áreas da vida sem passar o resto da vida com muito sofrimento. Não digo
sem nenhum, mas sem muito sofrimento.
Algumas pessoas, entretanto, já relataram conseguir parar de sentir
desejos homossexuais; são em menor número, mas acontece também.
Permanecer homossexual é mais uma questão de escolha pessoal do que
de determinação biológica ou impossibilidade de mudança interior em
algum nível como os citados anteriormente. Claro: não é fácil. Deixar as
práticas homossexuais envolve uma luta interior imensa. Mas, quem não
quer se entregar aos impulsos e desejos homossexuais pode aprender a
lidar com a angústia que está por detrás dos mesmos e obter alguma
mudança que promova paz interior.
Como? Listarei algumas dicas:
1. Se a pessoa deseja não seguir pelo caminho da homossexualidade,
ela pode começar a evitar alimentar ou dar vazão a pensamentos com
relação à homoafetividade. Isto pode se tornar mais fácil se a pessoa
passa a evitar sites da internet, revistas e tudo o que a incentive a
isto (Cf. Fp 4:8).
2. Ela também pode procurar se afastar de qualquer amizade com
pessoas que tenham tendência homossexual. Não por discriminação a elas
(afinal, somos todos iguais aos olhos de Deus), mas pela decisão que
tomou de evitar se colocar em situações que estimulem o desejo
homossexual. A pessoa pode seguir a sua decisão baseada nos princípios e
valores os quais ela decidiu seguir.
3. É importante que o indivíduo não se pressione a todo tempo quanto a
ter ou não o desejo homossexual. Nem sempre eles vão passar, mas a
pessoa pode aprender a lidar com eles.
4. A pessoa pode canalizar a energia que seria direcionada para os
contatos homossexuais para outras áreas da vida dela: desenvolvendo um
trabalho que goste ou um estudo, tendo um hobby que a ajude a ter
satisfação, fazendo exercícios físicos para a diminuição da ansiedade,
tendo atividades na igreja, na comunidade, etc. Isto poderá não resolver
a questão, mas ajudará a pessoa a ter outros canais de prazer, de
alegria e de satisfação na vida, em suprimento e substituição do prazer
vivido em uma relação homoafetiva.
5. Se a pessoa é cristã, recomenda-se que tenha um tempo diário com
Deus, a fim de apresentar para Ele o que ela está sentindo (Fl 4:6) e
receber dEle a força que precisa, assim como o alívio de sua angústia
(Cf. Sl 34:18).
6. Conversar com alguém que seja neutro no assunto e que possa ajudar
no sentido de ouvir e compreender, é muito importante porque traz
alívio. Em muitos casos, um auxílio psicoterapêutico (com um psicólogo)
ajuda a aprender a lidar com o sofrimento existente.
No entanto, se esta pessoa é cristã e deseja seguir seus princípios e
valores, é mais interessante que ela procure uma ajuda de um
profissional também cristão, por este ter um entendimento mais prático
do que é desejar seguir a Cristo, deixando de lado os próprios desejos
que não condizem com os princípios escolhidos por essa pessoa.
7. E, por último, se o homossexual acredita em Deus, é fundamental
que jamais duvide do amor divino (1Jo 4:8, 16) por ele. O Criador ama a
cada um incondicionalmente, e não faz acepção de pessoas (Rm 2:11). Ele
está disposto a ajudar tanto hetero quanto homossexuais a serem felizes
nessa vida (Cf. 3Jo 2), e a se prepararem para a vida futura que
prometeu a todos aqueles que O amarem e O aceitarem como Salvador
pessoal (Jo 3:16).