Algumas
pessoas têm grande dificuldade para entender o que a Bíblia diz a
respeito da natureza do Espírito Santo. Isso se deve, em grande parte,
ao fato de enfatizarem determinadas características deste Ser divino em
detrimento de outras, e de não conseguirem conciliar os atributos da
personalidade e da onipresença em um só Ser. Para elas, se o Espírito
Santo é uma Pessoa, então Ele não pode estar em toda parte ao mesmo
tempo; e, por outro lado, se Ele é onipresente, então não pode ser uma
Pessoa. Baseados nessa pressuposição, chegam mesmo a crer que Deus Pai e
Deus Filho, sendo Seres pessoais, só conseguem ser onipresentes através
do Espírito Santo, que, por sua vez, não pode ser mais do que um mero
poder despersonalizado.
Se o
critério para se estabelecer a verdade é apenas a lógica humana, então o
argumento acima até poderia ser considerado correto. Mas se analisarmos
detidamente o que a Palavra de Deus nos diz a respeito do
Espírito Santo, perceberemos que Ele é um Ser tanto onipresente como
pessoal. Isso significa que a natureza do Espírito Santo é um mistério a
respeito do qual a lógica humana deve se curvar diante da revelação
divina.
Na Bíblia encontramos vários textos que
confirmam a onipresença do Espírito Santo (ver Sl 139:7-12; Jo 14:16
e 17; 1 Co 3:16; 6:19). Além disso, existem pelo menos quatro
importantes evidências bíblicas de que o Espírito Santo é também um Ser
pessoal distinto do Pai e do Filho. Uma delas são as alusões à Divindade
como composta de três Personalidades distintas. Por exemplo, no batismo
de Jesus a voz do Pai foi ouvida do Céu, e o Espírito Santo desceu na
forma de uma pomba (Lc 3:21-22). Tanto na fórmula batismal (Mt 28:19)
quanto na bênção apostólica (2 Co 3:13) as três Pessoas são mencionadas
de forma distinta.
Outra evidência da personalidade do
Espírito Santo é o fato de Cristo referir-Se a Ele em João 14:16 como
“outro Consolador” (grego állon parácleton) que seria enviado pelo Pai
em nome de Cristo (Jo 14:26). Se o Espírito Santo fosse o próprio Pai,
como alegam alguns, como poderia o Pai enviar-Se a Si
mesmo? Referindo-Se ao Espírito Santo como “Consolador”, Cristo usa o
mesmo termo grego parácleton que é traduzido em 1 João 2:1 como
“Advogado”. Assim como este “Advogado” (Cristo) está “junto ao Pai”, sem
ser o próprio Pai, também aquele “Consolador” (o Espírito Santo) é
qualificado como “outro Consolador”, enviado pelo Pai sem ser o próprio
Pai.
Uma terceira evidência de que o Espírito
Santo é um Ser divino encontra-se nos vários textos que O associam
a várias características de uma personalidade distinta dentro da
Divindade. Por exemplo, Ele “a todas as coisas perscruta, até mesmo as
profundezas de Deus” (1 Co 2:10); Ele derrama o amor de Deus em nosso
coração (Rm 5:5); Ele distribui os dons espirituais a cada um “como Lhe
apraz” (1 Co 12:11); e Ele pode ser entristecido (Ef 4:30).
Além disso, a Bíblia declara também que o
Espírito Santo “intercede por nós” diante do Pai “com
gemidos inexprimíveis” (Rm 8:26). Como poderia o Espírito Santo
interceder diante do Pai se Ele mesmo fosse o Pai? A fim de perscrutar
“as profundezas de Deus”, o Espírito Santo precisa ser plenamente Deus; e
para interceder com o Pai, o Espírito Santo precisa ter uma
Personalidade distinta do Pai.
Cremos, portanto, no testemunho bíblico de que o Espírito Santo é um Ser plenamente divino, onipresente e pessoal.
Texto de autoria do Dr. Alberto Timm, publicado na Revista Sinais dos Tempos, março/abril de 2003, p. 30.