Um incrédulo de espírito muito agudo propôs-se a estudar a Bíblia e começou a leitura no Gênesis. Ao chegar aos Dez Mandamentos, disse a um amigo: "Vou dizer-lhe o que eu pensava. Eu supunha que Moisés tivesse sido o guia de uma horda de bandidos; que, por ter espírito forte, adquiriu grande influência sobre povos supersticiosos; e que no Monte Sinai ele exibiu alguma espécie de fogos de artifício, para assombro de seus ignorantes seguidores que, no misto de temor e superstição que possuíam, imaginavam ser sobrenatural aquela exibição. Agora, tenho estado a considerar a natureza da lei. Tenho procurado ver se poderia acrescentar-lhe qualquer coisa, ou dela tirar algo, de maneira a torná-la melhor. Senhor, não o consigo. Ela é perfeita.
"O primeiro mandamento nos leva a fazer do Criador o objeto de nosso supremo amor e reverência. Está certo; se é Ele nosso Criador, Preservador e Benfeitor Supremo, devemos como tal tratá-Lo, a Ele e a nenhum outro.
"O segundo proíbe a idolatria. Está muito certo.
"O terceiro proíbe a profanidade.
"O quarto determina um período para o culto religioso. Se existe Deus, por certo que deve ser adorado. É justo que haja uma homenagem exterior, expressiva de nosso respeito interior. Se Deus deve ser adorado, é apropriado que seja posto à parte certo período para esse propósito, quando todos O possam adorar unânimes, e sem interrupção. Um dia dentre sete na verdade não é demais, e também não me parece que seja demasiado pouco.
"O quinto define os deveres peculiares procedentes das relações de família.
"As ofensas a nosso próximo são a seguir classificadas pela lei moral. Dividem-se em ofensas à vida (6º m.), à castidade (7º m.), à propriedade (8º m.) e ao caráter (9º m.); e noto que em cada um deles é expressamente proibida a maior ofensa. Assim, a maior ofensa à vida é o assassínio; à castidade, o adultério; à propriedade, o furto; ao caráter, o perjúrio. Ora, a maior ofensa tem de incluir a menor, da mesma espécie. O assassínio tem de abranger todo o prejuízo à vida; o adultério, toda a ofensa à pureza; e assim por diante.
"E o código moral é rematado por uma ordem que proíbe todo desejo impróprio, em relação a nosso próximo (10º mandamento).
"Tenho ficado a pensar: Onde terá Moisés buscado essa lei? Tenho lido a História. Os egípcios e as nações circunvizinhas eram idólatras. Assim também eram os gregos e os romanos; e o mais sábio ou melhor dos gregos ou dos romanos jamais produziu um código de moral como esse.
"De onde recebeu Moisés essa lei que ultrapassa a sabedoria e a filosofia dos séculos mais adiantados? Viveu ele numa época relativamente bárbara; deu, porém, uma lei na qual a erudição e sagacidade de todos os tempos subseqüentes não descobrem uma falha sequer. De onde a recebeu? Não pode ele ter sobrepujado tanto a sua época, que a produzisse ele mesmo. Estou persuadido quanto a sua origem. Ele a recebeu do Céu. Estou convencido da verdade da religião da Bíblia."
O incrédulo (já não mais incrédulo) permaneceu até à morte firme crente na verdade do cristianismo.