quarta-feira, 28 de março de 2012

Ellen White, Racista?

Ellen G. White tem sido acusada, por alguns críticos, de racismo, de acordo com textos citados neste artigo. Estes textos, pretensamente, mostrariam que a autora desaprovava o casamento entre negros e brancos e mesmo excluía os negros de papéis de liderança entre os crentes de então. Antes de qualquer aprofundamento no tema, deve-se saber o que a acusada realmente pensava sobre o tema, para então chegar-se às finais conclusões:

Trabalho com os Negros

"Há neste país um vasto campo não trabalhado. Os negros, numerando milhares de milhares, devem merecer a consideração e simpatia de todo verdadeiro e ativo crente em Cristo. Esse povo não vive em algum país estrangeiro, e não se prostram ante ídolos de pau e de pedra. Vivem entre nós, e repetidamente, mediante os testemunhos de Seu Espírito, Deus chamou nossa atenção para eles, dizendo-nos que aí se acham seres humanos negligenciados. Esse vasto campo está perante nós por trabalhar, pedindo a luz que Deus nos confiou. Testimonies, vol. 8, pág. 205.

"Muros de separação têm sido construídos entre os brancos e os negros [a autora relata um fato corrente]. Esses muros de preconceito ruirão por si mesmos, como aconteceu com os muros de Jericó, quando os cristãos obedecem à Palavra de Deus, que lhes ordena o supremo amor ao Seu Criador e amor imparcial ao próximo. ... Que toda igreja cujos membros professem crer na verdade para este tempo, olhe para essa raça negligenciada e oprimida, que em resultado da escravidão [este conceito será muito importante para a interpretação dos textos ulteriores] foi privada do privilégio de pensar e agir por si mesmos. Review and Herald, 17 de dezembro de 1895.

"Empenhemo-nos em fazer uma obra pelo povo do Sul. Não nos contentemos com simplesmente ficar a contemplar, tomando meras resoluções que nunca se cumprem; mas façamos de coração alguma coisa para o Senhor, para aliviar a miséria de nossos irmãos negros. Review and Herald, 4 de fevereiro de 1896.

"O nome do negro está escrito no livro da vida, junto do nome do branco [acusar Ellen G. White de racismo só pode ser considerado uma calúnia criminosa!]. Todos são um em Cristo. O nascimento, a posição, nacionalidade ou cor não podem elevar nem degradar os homens [!!!!]. O caráter é que faz o homem. Se um pele-vermelha, um chinês ou africano rende o coração a Deus em obediência e fé, Jesus não o ama menos por causa de sua cor. Chama-lhe Seu irmão muito amado. The Southern Work, pág. 8, escrito em 20 de março de 1891.

"Vem o dia em que os reis e os senhores da Terra teriam prazer em trocar lugares com o mais humilde africano que lançou mão da esperança do evangelho. The Southern Work, pág. 8, escrito em 20 de março de 1891.

"Deus cuida não menos das almas da raça africana que possam ser ganhas para servi-Lo, do que cuidou de Israel. Ele requer muito mais de Seu povo do que este Lhe tem dado em trabalho missionário entre o povo do Sul de todas as classes, e especialmente a raça de cor. Não estamos nós sob obrigação mesmo maior de trabalhar pelo povo de cor, do que por aqueles que têm sido mais altamente favorecidos? Quem foi que manteve esse povo em servidão? Quem os conservou em ignorância? ... Se a raça se degradou, se são repulsivos nos hábitos e maneiras, quem os fez assim? Não lhes deve muito a gente branca? Depois de tão grande injustiça lhes haver sido feita, não se deveria fazer sério esforço por erguê-los? A verdade tem de ser-lhes levada, eles têm alma a ser salva, assim como nós. The Southern Work, págs. 11 e 12, escrito em 20 de março de 1891."

Os textos abaixo estavam em uma das (muitíssimas) versões anteriores do artigo "Ellen White" na "Weak"pédia:

Racismo com Negros

  • Casamentos entre negros e brancos
"...há uma objeção ao casamento de brancos com negros. Todos devem considerar que não têm o direito de trazer a sua prole aquilo que a coloca em desvantagem; não têm o direito de lhe dar como patrimônio hereditário uma condição que os sujeitaria a uma vida de humilhação. Os filhos desses casamentos mistos têm um sentimento de amargura para com os pais [note-se que a autora relatava um fato presente, e não uma possibilidade futura] que lhes deram essa herança para toda a vida. Por essa razão, caso não houvesse outras, não deveria haver casamentos entre brancos e negros... [itálicos do editor Abviana, da Wikipédia].
"...quanto à conveniência de casamento entre jovens cristãos brancos e negros, o esclarecimento que me foi dado da parte do Senhor foi que esse passo não devia ser dado; pois não é certo criar discussão e confusão [aqui a autora mostra claramente quais são as implicações: discussão e confusão. Não deixa, de forma alguma, entender que o motivo é a inferioridade da raça negra]. Tenho tido sempre o mesmo conselho a dar. Nenhuma animação deve ser dada a casamentos dessa espécie entre nosso povo. Que o irmão negro se case com uma irmã negra que seja digna, que ame a Deus e guarde os Seus mandamentos. Que a irmã branca que pensa em unir-se em casamento a um irmão negro se recuse a dar tal passo, pois o Senhor não está dirigindo nessa direção. Mensagens Escolhidas Págs. 343 e 344 (1912) [itálicos do editor Abviana, da Wikipédia].
  • Negros na liderança da obra Adventista nos EUA
"As pessoas de cor não devem pressionar para serem colocados em igualdade com os brancos." [o texto original se refere ao trabalho nas cidades do sul, onde existia um forte preconceito contra os irmãos da raça negra. Esta citação é, falaciosamente, retirada de todo um contexto para servir a propósitos anti-White muito simplórios e fracos] - Testimonies for the Church Volume Nine, page 214, paragraph 3.
"Oportunidades estão sempre aparecendo nos Estados do Sul, e muitos homens de cor são chamados ao trabalho. Mas, por muitas razões, os brancos devem ser escolhidos como líderes [note-se o contexto]. Todos nós somos membros de um corpo que é completo unicamente em Jesus Cristo, que vai elevar seu povo do baixo nível que o pecado degradou e então serão colocados onde devem ser reconhecido nas cortes celestiais como trabalhadores juntos a Deus." Testimonies for the Church Volume Nine, page 202 [itálicos do editor Abviana, da Wikipédia].
Neste recorte da Wikipédia, os textos em itálico são do editor anti-adventismo Abviana. Os comentários entre colchetes e os demais grifos são deste blog.

Considerações e conclusões:

À luz dos primeiros textos (propositalmente omitidos na "Weak"pédia) e também das circunstâncias em que a autora redigiu os últimos, pode-se ver que os seus conselhos visavam proteger os irmãos negros de discriminação e contrafação, sobretudo nos estados do sul, onde o racismo foi muito mais intenso.

Visitei Atlanta, capital do estado da Geórgia (EUA), alguns anos atrás. É impressionante saber que apenas a área hoje conhecida como "underground" foi o que restou da cidade durante a guerra civil. E os negros estavam no centro da ideologia motivadora da guerra. O racismo sempre foi intenso nos Estados Unidos (veja a "KKK"- Klu Klux Klan) e, certamente, no período em que vivia a autora, as situações em detrimento dos negros eram, decididamente, muito piores do que as de hoje.

Como retratado nos anais e pincelado nos trechos do livro Serviço Cristão, os negros foram, graças à escravidão dos brancos, privados de educação, cultura e recursos essenciais ao seu desenvolvimento como classe dentro da sociedade americana. Naquela ocasião, naquele espaço geográfico, é inegável concluirmos que eles possuíam inúmeras deficiências em relação a classe branca. Dentre estas deficiências, a principal era sua aceitação como pessoas iguais por parte da classe branca. Isto diminuiria sua eficácia no trabalho missionário entre os brancos do sul. Deixe-se muito claro que isto ocorria por causa do cerceamento de seus direitos pela escravatura e, obviamente, não por causa de sua etnia. Este é o pensamento que White possuía ao aconselhar que brancos liderassem o trabalho missionário na ocasião, que são óbvios no contexto textual e foram, propositalmente, omitido pelos críticos da autora.

Entretanto, nenhuma destas reflexões pode, com efeito, defender melhor a autora das falaciosas acusações de racismo do que o próprio texto da mesma, já exposto acima.

Como se pode ver, os textos incluídos na Wikipédia foram, antes de qualquer coisa, criminosos. A personalidade espúria que se deteve no trabalho de pesquisar textos que acusavam a autora de racismo certamente encontrou textos que, se ao menos lidos, contrafariam a idéia.

Muitos são os engodos que são apresentados nas grandes mídias para, se possível, enganar os próprios eleitos.

Mc 13:33 "Olhai! vigiai! porque não sabeis quando chegará o tempo."

 

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